terça-feira, 11 de março de 2014

NÃO PEGUE O BONDE ANDANDO...






Um carro vindo numa avenida pára num cruzamento, o motorista olha para a esquerda, no sentido em que vem os carros, para então em momento oportuno, poder atravessar. Quando não vê mais carros vindo, engata a primeira para arrancar e atravessar a pista. De repente sem que ele veja do LADO DIREITO (contra-mão) eis que surge um ciclista e passa a sua frente.  O  carro então derruba o ciclista...Rapidamente surgem pessoas esbravejando e xingando o motorista de irresponsável, imprudente...e outros nomes bem piores. Ou seja, uma multidão atirando pedra no motorista por ter "atropelado" o ciclista. Mas ora, não foi o ciclista quem estava errado no trânsito??? A resposta é sim O ciclista deveria atravessar a pista vindo da direita, ou seja, acompanhando o fluxo, sentido dos carros...mas não, ele veio da direita repentinamente, para onde o motorista nem deveria olhar, afinal a via era de uma única mão e este deveria atentar para o lado de onde vinham os carros. 

Dessa forma foi o ciclista quem se jogou sobre o carro, visto que estava completamente errado vindo no sentido contrário ao da via que estava circulando. Mas quem levou a culpa, a fama de "malfeitor' foi o motorista. As pedras foram lançadas sobre ele. O ciclista, apesar de ter sido o responsável pela colisão, ficou sendo a vítima, o coitadinho da história. As pessoas que ali apareceram, pegaram o bonde andando...

Com esta história quero traçar um paralelo com o relacionamento conjugal. Muitas vezes as pessoas pegam o bonde andando,  por exemplo, quando acontece uma infidelidade (seja em que nível for) e logo de cara tem uma porção de gente apontando o dedo para o cônjuge infiel. Já vão logo soltando impropérios sobre a pessoa e mandando para a masmorra, fazendo dela a pessoa mais terrível do mundo. Procedem exatamente como a multidão que chegou para  acusar o motorista pelo atropelamento do   "inocente"  ciclista...

Por favor, não seja como como as pessoas que apontaram os dedos para o motorista, sem ter conhecimento de causa. Você não sabe o que aconteceu. Você não sabe como o cônjuge ofendido tratou o cônjuge ofensor. Você não viveu a vida do casal. Não esteve lá na hora de um tapa, de uma ofensa, de um abuso... Não ´quero dizer de maneira alguma que qualquer maltrato, seja lá de que espécie for, justifique uma traição. Não, em absoluto. Um erro não justifica o outro, mas também não lhe dá o direito de incriminar o cônjuge infiel. Primeiro que se você não é cônjuge ofendido, esta história não lhe diz respeito. Simples assim. Não tome partido nesse sentido. Fique na sua e deixe que o casal resolva entre si. É deles esta questão, não sua. Seja sábio e misericordioso. 

Comumente mães, pais, irmãos, amigos e colegas da parte ofendida já vão logo atirando pedra no ofensor e interferem na situação, muitas vezes minando as chances de reconciliação, pondo lenha na fogueira, difamando a outra parte, outros ainda mais perversos instigam os filhos contra o pai ou a mãe, etc... A maioria nem sabe o que acontecia na intimidade desse casal e nem sabe que o queridinho ou a queridinha da mamãe não eram tão perfeitinhos como imaginavam. Tem pai e mãe, por exemplo, que se souber o que o filho ou a filha fez com o genro ou a nora, cai de costas. Há casos de cônjuge que já  agrediu fisicamente o outro, já proferiu palavras terríveis, já fez o outro passar diversas humilhações e constrangimentos em público, dentre outras coisas...Então não vá atirando pedras em alguém que talvez nem tenha feito o que fez por mau caratismo, mas por um desespero, por dor, por perturbação mental, por uma grande mágoa no coração, por uma ilusão...há casos e casos.

Mais uma vez eu repito: mesmo que alguém tenha sido maltratado na frente dos outros, agredido fisicamente, tenha ouvido coisas como: Não te amo mais, tenho nojo de você, quero me separar de vc, não aguento mais, vc é burra, vc foi um erro na minha vida... etc....; tenha sofrido torturas e sequestros psicológicos; tentativas de controle e manipulação mental, física e espiritual...Todas estas atitudes embora também sendo más, não justificam uma outra maldade: a infidelidade. Mas que cada um que esteja de fora, possa saber seu lugar e ter a serenidade e sabedoria de dizer: não vou me meter, isso é questão de foro íntimo, do casal e não me diz respeito.  E ainda lembrar que se o próprio JESUS não atirou pedras naquela mulher pega em flagrante adultério, quem somos nós para não fazer o mesmo? Somos por acaso melhores que o Senhor e temos o direito de julgar algo que nem sequer é da nossa alçada e que ainda se trata de uma história que sabemos pela metade ou nada dela ??? É hora de parar de pegar o bonde dessa história andando, porque a gente está por fora de muita coisa... 






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